Este artigo analisa as descrições dos naturalistas George Gardner (1812-1849), Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) e Johann Baptist von Spix (1781-1826) sobre a cidade de Oeiras, então capital da província do Piauí, durante suas expedições pelo Brasil na primeira metade do século XIX. Partindo das noções europeias de progresso, modernidade e urbanidade, esses naturalistas documentaram aspectos que consideravam característicos da região, destacando os contrastes entre o cenário local e os valores culturais e estéticos de seus países de origem. Enquanto viajantes e naturalistas europeus, eles oferecem uma visão estrangeira e científica sobre as paisagens e a estrutura da antiga capital Oeiras. A pesquisa identifica elementos que, embora comuns à época, hoje integram o patrimônio cultural de Oeiras, sendo fundamentais para a construção da identidade local. Dessa forma, este estudo visa contribuir para a ampliação das pesquisas sobre o papel dos relatos de viajantes na compreensão do patrimônio cultural e das cidades no período abordado, permitindo observar como essas construções pelos viajantes foram ou não preservadas ao longo dos séculos.