DESCRIÇÃO LINGUÍSTICA, EDUCAÇÃO E CULTURA EM CONTEXTOS PÓS-COLONIAIS

É com alegria que escrevo o prefácio para o livro “Descrição linguística, educação e cultura em contextos pós-coloniais”, coorganizado pela/pelos pesquisadora/es africana/os e africanistas Ezra Alberto Chambal Nhampoca (UEM/UTAD), David Alberto Seth Langa (UEM) e Alexandre Timbane (UNILAB), colegas cujo trabalho e compromisso com as línguas africanas eu admiro e respeito. Ao conhecer a proposta e os capítulos que compõem a obra, bem como a forma de organização dos textos e das escolhas dos temas e
línguas a serem representadas e tematizadas, impossível não relembrar o empenho incansável de pesquisadores das línguas africanas em prol da valorização e reconhecimento de suas línguas. Não por acaso, em atenção à existência de mais de 2000 línguas faladas no continente africano (HEUGH, 2019), os pesquisadores críticos Richard Fardon e Graham Furniss afirmam que o multilinguismo é língua franca de países africanos (FARDON; FURNISS, 1994). Um dos desafios centrais colocados por esse cenário linguístico-cultural rico e vigoroso é a construção de modelos teóricos, metodológicos e analíticos que deem conta do multilinguismo como referência, tensionando os limites ideológicos impostos pelo monolinguismo tomado como chave de referência para a designação, descrição e documentação de línguas africanas nos cenários pós-coloniais [...].
Cristine Severo, Cristine Gorski Severo
Universidade Federal de Santa Catarina/CNPq, Brasil
Florianópolis (SC), Outubro de 2022.